Na outra margem, o Leviatã desenhado por Sidney Rocha
Assim como fiz com Wellington de Melo, também pedi para meu amigo Sidney Rocha, escritor e editor, ganhador do Prêmio Jabuti de contos, que fizesse uma reinterpretação visual do meu Na outra margem, o Leviatã a partir de trechos escolhidos por ele. Abaixo compartilho com vocês o resultado:
O cenário do quadro, sombrio, continha um desfiladeiro, pedras e a sugestão de um oceano; em primeiro plano, um livro aberto descansava sobre um crânio, cuja nuca se virava na direção do visitante. No centro, ocupando quase toda a tela, a madona. Parecida com Lina, porém os da santa eram cabelos mais claros e cacheados. Usava vestimenta azulada, meio solta, que revelava um pouco os ombros, cotovelos e braços — além do desenho dos seios. Lina, o rosto abaixado, insistia com o celular; sua cópia, pintada séculos antes. Mirava o céu com a boca entreaberta.
— Era completamente seguro, apenas um ou outro mergulhador se machucava e, em casos raros, precisava amputar algo. Mas eu pensava a todo instante: o que tinha no rio?
[….]
Penso que havia tudo isto no escuro visitado por Natanael. Dentro do rio, meu
amigo duvidava se realmente tinha aberto os olhos, ou se conseguiria abri-los.
[….]
Sem outra escolha, subi. [….] E, na outra margem, o Leviatã.